poema Reconheço este quarto impermeávelreconheço-te estás adormecidoo peito muito aberto as mãos luminosaso grande talento dos teus dentes miúdosHá o perigo de um grito lindíssimoquando andas assim comigo no invisívelQuando a manhã vier sairás comigopara o espaço que nos falta para o amorque nos faltaA auroraestá fatigadaa auroracomo um rio nossoem torno dos elevadoresTinha eu a idade de um marselhêssilenciosoe tímidoTu davas-me a lousa dos magos o teu riso as letrasmais obscuras do alfabetoFoi há muito tempoou agorana caverna dos leões expressivosA caverna que dá para a cavernaa caverna os lagos diligentesBelo tu és belocomo um grande espaço cirúrgicoPorque tu não tens nome existesA minha boca sabe à tua bocaA minha bocaperdeu a memórianão pode falar as palavrasentram no seu túnele não é preciso segui-lasDisse que és altoaltobranco e despovoadoMário Cesariny
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