Wednesday, November 16, 2005

a dor é uma desordem inimiga
das palavras com o silêncio todo fora
do lugar. saberemos tomar um caminho
por essa floresta escura? poderemos
sequer recuperar a pequena bússola partida,
a caneta e o papel, as nossas certezas
de trazer no bolso?

não nos avisaram contra o medo,
não nos disseram que pode chegar
a qualquer hora, deslealmente,
enquanto o sol dorme na paisagem e as ervas
se levantam para receber o Verão. e agora
que nos perdemos, quase, sem mapa ou sentido
que nos sirva, o nosso único guia é o amor
dos que nos esperam numa sala branca
onde o chão nos falta e não há estações.

rui pires cabral

6 Comments:

Blogger m said...

ei! isto não se pode fazer.

6:23 AM  
Blogger m said...

os versos dele são uma coisa baixinha, imperceptível. uma coisa óbvia no meio de nós.

nunca um copy paste

6:24 AM  
Blogger janeca said...

claro que se pode, m.
claro que se deve, aliás.

os versos dele curam, e a cura não vou escondê-la nunca.

9:30 AM  
Anonymous Anonymous said...

Termos medo , embora nos proteja também nos tolhe, e como dizia o O'Neil "é mesmo isso o que o medo quer"
MPMBA

10:24 AM  
Blogger m said...

que há versos que nos salvam, janeca, sabemos nós com muita força.
falava da forma,
de como a forma corrompe..

acordei e o que vi no mundo foi um
poeta branco corrompido:
claro que grito
o que
não se pode fazer.

12:27 PM  
Blogger janeca said...

talvez tenhas razão.
devolverei aos poemas a sua forma original, porque nao quero correr o risco de corromper.

2:37 AM  

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