Wednesday, November 30, 2005

coisa mais fixe não há

pulga


Pula pula

---------------g
Como o g da pul a.

alexandre o'neill
(some might think that)
it's the end of the world as i know
AND I FEEL FINE
it’s the final countdown

ferro 3

afinal o elogio do amor não é (só) do godard.

Tuesday, November 29, 2005

em vez de maldizer a escuridão é melhor proteger a luz por mais pequenina que seja
still a broken heart
is a broken heart
and illumination
is in fact
performance
patricia barber
RISCO
um jogo de estratégia para conquistar o mundo

"In the half light
Where we both stand
In the half light
You saw me as I am"
jeff buckley
"a poesia nasceu da dança"

teixeira de pascoaes

dancemos, então!

Monday, November 28, 2005



"In every job that must be done, there is an element of fun. You find the fun and - SNAP - the job is a game"
mary poppins

Wednesday, November 23, 2005

bruxelas nao e bonito.os teclados sao marados.as gouffres sao boas.amanha provavelmente antuerpia e depois amesterdao.

Monday, November 21, 2005


"Não posso acreditar", disse Alice.
"Ai não?", perguntou a Rainha Branca em tom condoído.
"Tenta outra vez; inspira fundo e fecha os olhos."
Alice riu, "Não vale a pena tentar", disse. "Uma pessoa não pode acreditar em coisas impossíveis."
"Atrevo-me a dizer que não tens muita prática", disse a Rainha. "Quando tinha a tua idade, fazia sempre isso meia hora por dia. Ora, cheguei a acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço."

Lewis Carroll

Sunday, November 20, 2005

sigur ros ou a metamorfose de janeca

Friday, November 18, 2005

fiel jardineiro

o fiel jardineiro

Wednesday, November 16, 2005

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido


Chegava o mês de maio e era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido


E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer.

Ruy Belo
Curva
Antes não nos pesava

O passado, colhíamos os dias
Ainda verdes, a frescura da sua polpa
Na vontade dos nossos
Dedos.

Depois vieram os sinais
dos primeiros cansaços sem remédio,
a noite fincou-se nas pedras,
fez-se de estorvos.

Aquilo que sobrou de ti
cabe-me nos bolsos
e é pouco para as minhas mãos.

(de Rui Pires Cabral - Geografia das Estações)
" a minha voz põe-se a fazer palavras"
jacinto lucas pires - coração transparente
(na casa d'os dias da água)
a dor é uma desordem inimiga
das palavras com o silêncio todo fora
do lugar. saberemos tomar um caminho
por essa floresta escura? poderemos
sequer recuperar a pequena bússola partida,
a caneta e o papel, as nossas certezas
de trazer no bolso?

não nos avisaram contra o medo,
não nos disseram que pode chegar
a qualquer hora, deslealmente,
enquanto o sol dorme na paisagem e as ervas
se levantam para receber o Verão. e agora
que nos perdemos, quase, sem mapa ou sentido
que nos sirva, o nosso único guia é o amor
dos que nos esperam numa sala branca
onde o chão nos falta e não há estações.

rui pires cabral
é o frio que nos tolhe ao domingo
no inverno, quando mais rareia
a esperança. são certas fixações
da consciência, coisas que andam
pela casa à procura de um lugar

e entram clandestinas no poema.
são os envelopes da companhia
da água, a faca suja de manteiga
na toalha, esse trilho que deixamos
atrás de nós e se decifra sem esforço
nem proveito. é a espera

e a demora. são as ruas sossegadas
à hora do telejornal e os talheres
da vizinhança a retinir. é a deriva
nocturna da memória: é o medo
de termos perdido sem querer

a nossa vez.
rui pires cabral
o primeiro cigarro do dia é na varanda
quando faz sol: misteriosamente o terraço
do vizinho continua a concentrar a tristeza
do bairro inteiro. mal acordado, juntas as linhas
que te permitem perceber quem és, onde estás,
o que terás de fazer a seguir. e a angústia
que te abraça é a memória mais antiga
que possuis, vem das casas de Bragança
e Moncorvo, já a conhecias antes de lhe seres
formalmente apresentado. tu nunca quiseste
pertencer. só à ponta da navalha. só no fundo
do beco, encurralado. meu deus, que vocação
para o desassossego. mas será um sinal de resistência
ou uma espécie de defeito anímico? tanto faz,
vamos, põe a cafeteira ao lume. e recomeça.
rui pires cabral
traço a vermelho no mapa
um intinerário indeciso. hoje não serei
verdadeiro, farei o papel mais fácil
que a sorte me entregar.

rui pires cabral
se pudermos estar felizes não será mais bela
a voz do trompetista de Oklahoma? Oh, there's
a lull in my life. sim, o amor é triste e o mundo
é árduo e nunca nos serviu como convinha. mas
nas cercanias da vila, no vokswagen em segunda
mão, vê como resplandecem os vidros de Marlborough
Drive ao entardecer! uma ambição sentimental

à nossa pequena escala, prados entre castanheiros,
duas onças de tabaco de enrolar. que importa
que tudo rode para um fim e que a nossa verdadeira
condição seja morrer um pouco mais a cada instante?
a pele reconhece estas canções, sabe que é Junho,
conhece a estrada que devemos escolher. a pele
é sábia. por uma vez, que valha a pena morrer.
rui pires cabral
"não sou daqui, sou
da hora que passa"
rui pires cabral

Monday, November 14, 2005

o mar está sempre lá

o teu corpo está sempre lá

logo, o teu corpo é o mar

Clichy-sous-Bois II

banlieue de Paris - Vincent Van Gogh

Sunday, November 13, 2005

"procure-se na obra de arte não apenas o que lá está mas o que lá estamos"
o senhor que fez um dos quadros que vamos ver
porém, tentasses tu isto: ser-me mão na mão
como no copo de vinho o vinho é vinho.
tentasses tu isto.
rainer maria rilke
pensa: talvez um com o outro pudessem aprender
quais os milagres que se podem repartir.
rainer maria rilke

ouvi o grito agudo da minha alma em luta pela mulher. vigiei-me a mim mesmo nos momentos de paixão, de intoxicação amorosa, e estudei-os para os usar na minha arte.
auguste rodin
meus olhos não fabricam


mas encontram.
antónio ramos rosa

contra a poesia pura

basta de estrelas
e de nuvens
e de pássaros.
falemos antes de gaiolas
que é tempo de conquistar o céu.
antónio ramos rosa

poema dum funcionário cansado

a noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido
e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
antónio ramos rosa

Saturday, November 12, 2005

preciso de tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo 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tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo
mas não tenho.
o tempo é que me tem a mim.

Friday, November 11, 2005

a cigana mais bonita do mundo, estrella morente.
Dios te salve, gitana maria
candela encendida lucero y jazmín

Thursday, November 10, 2005



il vangelo secondo matteo (pier paolo pasolini)

Wednesday, November 09, 2005

all is full of love*

* o post mais princesa baunilha de que há memória (ou mais baunilha só se tivesse cheiro)
While I crawl into the unknown Cover me
I'm going hunting for mysteries Cover me
I'm going to prove the impossible really exists
This is really dangerous Cover me
But worth all the effort Cover me
I'm going to prove the impossible really exists
bjork

Tuesday, November 08, 2005

I remember thinking
I`ll go on forever only knowing
I'll see you again
but I know
the touch of you is hard to remember
but like that touch I`ve known no other
and for sure we have danced
in the risk of each other
would you like to dance
around the world with me?
dave matthews band

Monday, November 07, 2005

palavras mais bonitas do que o que nomeiam ou para quê gastar música com isto

urinol testemunha aristocracia guilhotina cocaína cárie assassínio chacundé ruína tirania coice coágulo kilojoule tachim

palavras bonitas ou com estas palavras voa-se baixinho

poeira tango luísa bainha florianopolis pistilo baiana bailadeira papoila caco sapateira ruivinha

Thursday, November 03, 2005

Clichy-sous-Bois


«Jusqu' ici tout va bien.
L'important c'est pas la chute
c'est l'atérrisage»
la haine
«A primeira vez que entrei num poema não fechei a porta. O poema apanhou tudo. Nunca mais pude sair.»
Vasco Gato


"o samba é a nossa verdade"

Wednesday, November 02, 2005

José Miguel Wisnik

Se meu mundo cair, então

Caia devagar

Não que eu queira assistir sem saber evitar

Cai por cima de mim

Quem vai se machucar

Ou surfar sobre a dor até o fim

Cola em mim até ouvir

Coração no coração

O umbigo tem frio e arrepio de sentir

O que fica pra trás

Até perder o chão

Ter o mundo na mão

Sem ter mais onde se segurar

Se meu mundo cair

Eu que aprenda a levitar.

Do outro lado da minha rua mora um cão preto. Rafeiríssimo, coxo. Ladra a tudo e a todos. Quando não há nada nem ninguém a quem ladrar, ladra na mesma, sozinho, para o ar. Também ele precisa de ouvir o seu próprio latido.Ana Hatherly, mas queria ter sido eu.
Dizem alguns: Só aos artistas deveria ser permitido falar acerca da obra de arte. Com efeito, só eles conhecem a desordem, os crimes que ela reclama. Mas tudo são clausuras e a obra deve falar por si.*Ana Hatherly, again


*pensei em ti, tia prima amiga*
«a história é infinita. podemos interceptá-la em qualquer ponto. era uma vez uma cidade onde os habitantes sabiam tanto do sofrimento humano que quando acordavam deitavam-se logo.»
Ana Hatherly
el no sé qué
Estoy a la espera de no sé qué.
¿Por qué demora en revelárseme
el no sé qué?

Nosequé que no te revelas:
estoy pendiente de ti
porque te llevo adentro
y no te puedo encontrar.

Francisco Gandolfo
é oficial. chegou o inverno.
estou na redacção e acenderam as luzes.
é noite lá fora.

palavras muito difíceis ou vá, admito, não sei o que significam

celeuma nagalho acinte acrimónia equanimidade invectivar histriónicas pitonisa cacoestesia cognoscibilidade organogenesia aboletar estertorar saltrário acinte nagalho acrimónia equanimidade alijada calenda beneplácito biunívoca rédito*

*eu procuro as palavras no dicionário, prometo, antes de as pôr aqui. para ver se passo a saber o que querem dizer, mesmo que continuem dificeis.

palavras estranhas ou tentem lá fazer poesia com isto

guindaste esparregado cônjuge raspador rubicunda contrabaluarte embarrelar seroso desembargador

La route chante
quand je m’en vais
Je fais trois pas
la route se tait

La route est noire
à perte de vue
Je fais trois pas
la route n’est plus

Sur la marée haute
Je suis montée
La tête est pleine
mais le cœur n’a
pas assez
lhasa de sela

palavras fáceis ou com esse som, claro que sei o que significam

mergulho frio espirrar reviravolta miar catadupa chapada swallow cuíca*

*obrigada, seu jorge